quinta-feira, janeiro 25, 2007
São tantas as letras, são tantas e todas chamam por mim. Parecem estrelas que piscam em SOS para ter a minha atenção, para eu me desfazer em vogais e sonhos, consoantes e realidade. Para fazer doces frases , e longos ditos morenos, sóbrios. Para as minhas mãos se inquietarem, depois de serem acordadas pelos sons conhecidos que me abrem a alma a meio e me fazem estremecer. Quebram-se os pesadelos, torço a minha agonia de paz e as vozes abrem caminho à guerra que estala nos meus olhos, na minha garganta, onde as letras se tornam tempestuosas, ansiosas até que as atire para o vazio do papel. Vejo-as deitadas, a olhar para mim, sem saber como se enredaram naquela coerência que me assusta, que não fui eu, digam-lhes que não fui eu, não sei como fazê-lo, não me peçam explicações, que eu não vou ser capaz de as dar.
